Voltei!
Depois de 2 meses na China, volto à minha querida Floripa!
Não consegui postar no blog enquanto estava na China por vários motivos... Não tive acesso à internet em nenhuma das 4 famílias que morei, (sim, foram 4 em 8 semanas), nem nas minhas outras acomodações intermediárias... E o principal, o blog era bloqueado na China, como vários sites ocidentais como Facebook, twitter, wordpress, youtube, google, e por ai vai... Foi difícil, mas foi mais uma prova que a China impôs pra mim... Viver quase sem internet por 2 meses... Entrava pelo ipod em restaurantes que tinham Wifi (o que não é mto comum), e mandava email ou ligava do skype pra família bem rápido... Tirando isso, necas... Escrevi meu Travel Diary lá todos os dias, falta terminar alguns detalhes ainda, mas ficou em torno de 120 páginas do word. Espero que consiga publicar no futuro, vamos ver...
Bom, vou dividir meu intercâmbio em vários tópicos pra não pesar de uma vez...
Vou escrever sobre minha percepção como é a Comida, Cultura, Hábitos diários, Higiene, Costumes locais, Cidades que visitei, Língua, etc... Sugestões de temas são bem vindas...
Minha experiência foi indescritível... A China é um país completamente diferente do Brasil, e ainda mais de qualquer outro país que já conheci. Foi com certeza um momento de crescimento pessoal, espiritual e que me fez perceber as coisas com outra percepção. E principalmente, me fez dar mais valor às pequenas coisas e ao meu país.
A língua foi uma das principais dificuldades. Tinha feito dois meses de aula com professor particular na UFSC antes de ir, aprendi a falar o básico do básico para não morrer de fome. Mas nunca senti tanta dificuldade em fazer as pessoas me entenderem... As vezes nem mímica adiantava... Não foi nem uma nem duas vezes que tive vontade de sentar no meio fio e chorar. Mas pensava: de que adianta chorar? Vai mudar alguma coisa? Não, então força que necessidade gera potencial. E foi pensando assim que superei os obstáculos que surgiram ao longo do tempo lá. Não se engane como eu em achar que vai para uma metrópole de milhões de habitantes esperando que alguém te entenda em inglês. Uma vez, sem brincadeira, pedi pra 5 jovens de não mais que 25 anos onde era o metro, em inglês, e NENHUMA delas conseguiu me entender. Não se engane também em pensar que sua salvação está nos jovens... Eu diria para andar com um dicionário 24h na sua mochila.
Logo que cheguei começaram as dificuldades. Meu voo atrasou uma hora. E não tinha como avisar a menina da AIESEC que ia me pegar no aeroporto... Vi um telefone público. E pra comprar o cartão? Nossa que pesadelo... Sabe o que é falar inglês, fazer mímicas com uma mão simulando um telefone e um cartão, e não ser entendida? Isso nunca tinha me acontecido... E foi o que mais aconteceu na China pra mim: dificuldade de comunicação. Eu ainda estou extasiada em andar na rua e ser entendida pelas minhas amigas, nos restaurantes, no mercado... Isso foi algo tão forte pra mim lá que ainda estou me adaptando ao fato de conseguir entender e ser entendida na rua...
Depois que sai com minha mala de 35kg mais a de mão de 5kg e minha mochila, encontrei Ai Fang, de Taiwan, segurando uma placa escrito "AIESEC". Supus que eu seria a única naquele momento da AIESEC e fui falar com ela. Sorte minha que ela falava inglês... Saimos do aeroporto, e ela me avisou que tinhamos que pegar um onibus até o centro da cidade. Custava 20Rmb. Tinha trocado dinheiro no Brasil ainda para YUAN, ou Rmb como é chamado o dinheiro da China. Ela comprou os tickets de onibus enquanto eu olhava nossas malas. A viagem do aeroporto até o centro foi de 1h30min. Lá nós saltamos e ficamos esperando mais de 1h a menina da AIESEC. Estava muito frio, uns -3graus eu diria... E esperar em pé no vento foi complicado... Eu ainda estava jet lagged e abismada com tudo à minha volta, os motoqueiros sem capacete, o trânsito terrível com carros desgovernados sem seguir regras de trânsito, os restaurantes perto de onde estávamos com as cozinhas do lado de fora... As escarradas que começava a ouvir que se tornaram tão comuns quanto respirar nos próximos dias...
Hawaii chega e se apresenta pra gente rapidamente. Ela nos leva até o metro, e de lá vamos até uma região mais central onde vamos até um hotel passar a primeira noite, já que mais tarde descobrimos que não tinhamos família ainda... Pagamos o hotel com nosso dinheiro, e vamos jantar Hot Pot (comida muito famosa e típica na China), num restaurante especializado nesse prato, que nada mais é que uma panela com agua fervente, e vários acompanhamentos de comida crua, que escolhemos no cardápio e vamos colocando na aguar para cozinhar... Na China todos tem sua própria tijela, mas dividem todos os acompanhamentos que vem em tijelas maiores. Todos pegam com seus KuaiZi (Palitinhos), e colocam na boca.É uma mistura de saliva terrível... Mas você não tem outra opção uma vez que decide viver como eles.
Na volta do restaurante pro hotel passamos por um restaurante de comida de cachorro. Estávamos conversando justamente sobre isso na hora que passamos na frente dele, a Taiwanesa aponta pra mim e diz que está escrito em chines que ali vende Dog meet. Eu não acreditava. Olhei pra dentro do lugar e vi uns cachorros mortos sem pelo deitados em cima da mesa, e do lado de fora o cozinheiro picando um pedaço de carne grande em pedacinhos. Foi terrível. Fiquei com aquela imagem a noite inteira na cabeça. Eu ainda não sabia o que me esperava... A primeira noite foi uma amostra do que eu teria que enfrentar nas próximas 8 semanas...
Olhando pra trás agora e pensar que há menos de duas semanas estava do outro lado do mundo, há quase 18mil km de distância, e 11hs de diferença de fuso horário, eu me sinto vitoriosa por ter passado por tudo que passei e ter feito das minhas dificuldades metas a serem superadas. Não me arrependo da minha escolha de ter aberto mão das minhas férias de verão em Balneário Camboriú para viver com famílias que não conhecia, em uma cidade poluída e desorganizada, trabalhando com pessoas do mundo todo. Morar na China foi a experiência mais engrandecedora que já aconteceu na minha vida.
Obrigada mãe por ter depois de muita discussão me deixado realizar esse sonho maluco, obrigada pai por ter me apoiado desde o início, obrigada tias pelo apoio sempre e por terem rezado sempre por mim, obrigada Camile por ter me ouvido nos momentos de dificuldade mesmo que as vezes você se preocupava mais do que eu. Obrigada família.
E obrigada à Deus por ter me dado saúde para superar todas as comidas doidas que comi e te aguentado ao frio sem ficar doente e ter iluminado meu caminho.
Assim que der um tempinho começo os post "temáticos" da China.
Xièxie! = Obrigada
As fotos por enquanto só no meu facebook.
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